quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Poesia - Chuvas


Fintagem sobre manto de flores II - AST - 2015 - Tuon


              CHUVAS
                                      
Robinson Tuon                 


Depois de te amar volto a mim.
Reviro meu olhar,
Vagarosamente. Até a vidraça embaçada.
Respirando em êxtase, ainda.

Nuvens cinza penduram-se
do céu sombrio e escuro.
De lá cospem raios e gritam
trovões perdidos, extremos.

Águas deslizam em fluxos, sonoras.
Granizos derretem-se na queda.
Gelados e intrépidos, despencam.
A fúria dos céus se faz tormenta.

Aqui neste quarto sem tempo,
no calor de brancos lençóis,
dentro de mim, um eu extasiado.
A alegria explode. Gozoza.
Numa enxurrada sem fim.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Poesia - Estrela Vespertina


Abraço - Acrílica s/ tela - 1,5 x 1,5 m - Tuon
Valentines 2007 Exhibit - Art on the Net - no site:
http://www.art.net/thegallery/valentines07/v10.html


ESTRELA VESPERTINA

Hoje brilha a estrela venusiana.
Desvencilhou-se das nuvens.
Do manto escuro da noite.
Luminosa... Numinosa.... Alta.
Mas onde está a lua majestosa
que sempre brilha em noite escura?
Onde estás alva maior.
Que toda tarde alça o horizonte.
Languida.
Sem avisar, hoje não nasceu.
Enquanto resplandece a estrêla vesper.
Pingo de leite no escuro breu.
Liquidamente
faz revirar meus pensamentos.

Com certeza a lua foi expiar a janela.
Daquela casa de esquina.
O quarto de cama leitosa.
De lençóis macios cor de luz.
É lá onde dorme o meu amor.


(Publicado na Revista Escritores - Ano XXII - p. 44 - Fev. 2016)





sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Poesia - Dança para enamorados



Flores de Terebintina - AST - 80x100 cm - 2009 - Tuon


                    DANÇA PARA ENAMORADOS
                                      
Robinson Tuon                 


Alegria. Alegria. Alegria.
Sem dormir, passou-se a noite.
Momentos de beijos espantados.
Abraço de fogo. Centelhas de luz.

O calor do quarto chegou até o quintal,
onde plantastes hibíscos e, no vaso,
a formosa medilina.
O inquietante cantar do galo vizinho
não abre olhos, pesados, inertes,
lembrando a madrugada.

Vem amor, esqueçe o canto,
deixai um pouco a luz.
Asas almejam novo vôo na claridade.

Meus lábios, de dia, também pedem os teus.

(Publicado na Revista Escritores - Ano XXI - p. 37 - Dez. 2015)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Poesia - À tarde chegas


Descanso
(Série Mulatos) -  AST - Robinson Tuon


À TARDE CHEGAS

                                     Robinson Tuon

 Sabendo que à tarde chegas.
 Meu pensar só faz lembrar crepúsculos.
 Hoje, todas as manhãs se tornam tristes.
 E de tormento e tédio.
 A luz do leste só me traz Thanatos.
 Ao meio dia já me banho em flores
 minha pele treme ao fitar as horas.
 não sinto fome, mesmo de almoço pronto
 e a luz do oeste já me vem radiante.
 A fome é outra. É de amores tantos.
 Quero que passe o tempo.
 Os minutos velhos.
 E venha a tarde, na quentura cálida.
 Te escutar chegando. Te ver na porta.
 Com asas de luz e de desejos prontos.
 Só assim venho a ser eu de novo.


(Publicado na Revista Escritores - Ano XXI - p. 43 - Nov. 2015)